Eu não gosto muito de listas. "Listas do que fazer", então, me lembram livros de auto-ajuda, que também não gosto, por princípio (apesar de ter lido boas exceções). Enquanto escrevia uma postagem sobre crianças divorciadas, comecei a listar idéias em um bloco de notas, e foi nisso que deu. Olhando de uma outra maneira, acredito que são coisas que todos nós, pais, casados ou não, deveríamos considerar em termos de atentividade para com as nossas crianças. Não são "lições". São minhas impressões, portanto podem não ser as suas.
A belíssima ilustração aí em cima é do blog (c) Muitos Desenhos, de Mariana Massarani, ilustradora, que eu adoro.
O que os pais podem fazer para ajudar crianças de qualquer idade
- Crianças precisam saber o quanto são amadas por seus pais. Seja demonstrativo, não apenas fale, mas demonstre afeto em suas ações.
- Crie um ambiente de proteção, e mesmo quando os conflitos ocorrerem - porque ocorrem e ocorrerão - procure minimizar o impacto perante a criança, reconsiderando a situação de modo a que ela possa compreendê-la. Não acho que uma criança precisa ser totalmente privada dos conflitos familiares - afinal, ela vive e pertence àquela família - mas é necessário ponderar o conflito para o contexto e nível de compreensão da criança.
- Permita que a criança expresse seus sentimentos. A expressão verbal nem sempre é a melhor forma de comunicação. A brincadeira, o desenho, o jogo e outras formas de expressão são mais apropriadas para a comunicação da criança. Brincar, em qualquer estágio de desenvolvimento, sozinha ou com adultos e amigos, ajuda a criança a desenvolver-se emocional, intelectual e socialmente.
- Dedique tempo para sua criança. Há uma discussão sobre "tempo qualitativo", que é, ao meu ver, uma meia-verdade. Todo o tempo com a criança tem que ser de qualidade, mas é necessária uma "quantidade" de tempo também.
- Crianças precisam de seu próprio tempo, entretanto. Tempo para si, para brincar só, tempo para fazer suas próprias coisas, a seu modo e desejo. Permita que a criança explore seu próprio tempo, a seu modo. Agendas superlotadas e rotinas muito rigorosas são uma ameaça ao desenvolvimento saudável da criança.
- Todavia, crianças também precisam de rotina e continuidade. O estabelecimento de hábitos e rotinas, com seus horários e rituais, facilita o senso de segurança, pertenência e a percepção de controle da criança sobre seu ambiente. Complementando o item anterior, esta rotina pode ser flexibilizada, o que é bom também para o desenvolvimento da noção de plasticidade da vida.
- Regras e normas de conduta são necessárias. Minha noção de limite não representa um obstáculo - às vezes é - mas principalmente um caminho. Regras razoáveis para a idade e para as características particulares da criança facilitam seu desenvolvimento.
- Crianças, especialmente as mais velhas, precisam de uma "comunidade de desenvolvimento". Permita que, na medida do possível, a criança possa conviver com seus parentes (tios, primos, avós), ou amigos (e seus filhos).
- Tome cuidado de você. Cuide-se. Crianças precisam perceber que os adultos que cuidam delas se alimentam bem, preocupam-se com sua qualidade de vida, tem uma adequada imagem de si mesmos, sabem de seus potenciais - e os utilizam, reconhecem suas limitações - e as expressam, quando necessário. Crianças com cuidadores atentos para si próprios (o que não quer dizer narcisistas e egocêntricos), também desenvolvem auto-estima e auto-apreço.