terça-feira, 9 de setembro de 2008

A criança doente, parte I

Talvez em poucos momentos a medicina requeira tanta observação, intuição, experiência e instinto quando diante de uma criança que se aparenta enferma. Li certa vez que a Pediatria e a Medicina Veterinária se assemelham, neste ponto: 1) ambas trabalham com indivíduos que não manifestam verbalmente seus desconfortos; 2) tanto crianças como animais doentes recusam-se a comer, ficam "abatidinhos", dependem de outros para o atendimento de suas necessidades e, quando doentes, preferem ficar quietos e sós. Neste sentido, o papel dos pais é essencial: há um dito de Auguste Bier (1861-1949) que diz que "uma mãe esperta frequentemente faz um melhor diagnóstico do que um médico ruim".

De fato, talvez 70 a 80% dos diagnósticos em Pediatria são feitos baseados na história trazida pelos pais. Fortunadamente, a grande maioria dos pais - particularmente a mãe - é um bom termômetro do bem-estar de seus filhos - se o profissional for capaz de ouvi-los.

Entretanto, existem sinais que orientam a decisão quanto à gravidade do adoecimento de uma criança, e precisam ser considerados, por pais e pediatras:
  • Choro agudo, constante (sugere dor);
  • Alternância entre sonolência, sedação e irritabilidade;
  • Convulsão;
  • Recusa a se alimentar ("recusa" quer dizer, não aceitar absolutamente nada), por três ou mais ofertas;
  • Vômitos repetidos;
  • Dificuldade de respirar e frequência respiratória muito elevada (principalmente quando o nariz não está obstruído).
Costumo dizer para as pessoas que atendo que o estado geral da criança é o melhor indicador de que ela está bem ou não. Uma criança com febre que fica abatida, mas que volta a brincar, a comer e fica alegre quando a febre cessa, tem muito menos risco de ter um problema mais sério, especialmente se essa febre a incomoda há menos de 2-3 dias.

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