domingo, 28 de dezembro de 2008
Cinco Intenções de Ano-novo
domingo, 14 de dezembro de 2008
E o Papai-Noel?
Alguns pais me perguntam sobre como deveriam tratar o assunto "Papai Noel" com seus filhos. Digo a eles o que disse em uma entrevista à TV Unifor, da minha Universidade:
sábado, 6 de dezembro de 2008
Direto ao ponto
quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
As crianças estão perdendo suas habilidades de brincar?
"Alguma estruturação do brincar pode ser útil de modo a facilitar o engajamento das crianças, mas isto não deve ir muito longe. Atividades de brincar muito regimentadas podem ter consequências negativas no desenvolvimento social e emocional de uma criança porque tais atividades são demasiadamente organizadas, e quebram a iniciativa e liberdade de escolha da criança. Em contraste, brincadeiras em estilo livre encorajam o criativo e multisensorial desenvolvimento da criança pela sua natural falta de estrutura".Brincadeiras ou jogos com regras, em que é o desfecho que motiva a participação, treinam padrões de pensamento na criança, deixando menos tempo para o pensamento criativo e imaginativo, que aí se estabelece e amadurece".
O relatório adverte para o potencial problema de videogames e televisão: "Apesar de ser dito que existe algum efeito positivo destas atividades, tal qual coordenação mão-olho, existe uma preocupação crescente de que crianças estão gastando cada vez mais tempo em hábitos sedentários que inibem seu bem-estar mental e físico". Os especialistas concordam que programas e brincadeiras pré-programadas monopolizam o cérebro, porque crianças respondem a um cenário construído por alguém e isto parece ter um impacto sobre sua criatividade.
Muito bem. Aparentemente, nada de novo. Isso todo mundo já "sabe". O que traz o tal relatório de diferente, ou importante? Ele consolida evidências de muitos estudos de bom padrão, e aponta uma tendência para este século - que ainda está começando, para uma geração que ainda tem tempo e condições de mudar!
Este é o desafio: reorientar as práticas de brincadeira de nossas crianças, antes que a tendência se materialize...
domingo, 30 de novembro de 2008
O Que Pais Podem Fazer para Ajudar Crianças de Qualquer Idade
Eu não gosto muito de listas. "Listas do que fazer", então, me lembram livros de auto-ajuda, que também não gosto, por princípio (apesar de ter lido boas exceções). Enquanto escrevia uma postagem sobre crianças divorciadas, comecei a listar idéias em um bloco de notas, e foi nisso que deu. Olhando de uma outra maneira, acredito que são coisas que todos nós, pais, casados ou não, deveríamos considerar em termos de atentividade para com as nossas crianças. Não são "lições". São minhas impressões, portanto podem não ser as suas.
- Crianças precisam saber o quanto são amadas por seus pais. Seja demonstrativo, não apenas fale, mas demonstre afeto em suas ações.
- Crie um ambiente de proteção, e mesmo quando os conflitos ocorrerem - porque ocorrem e ocorrerão - procure minimizar o impacto perante a criança, reconsiderando a situação de modo a que ela possa compreendê-la. Não acho que uma criança precisa ser totalmente privada dos conflitos familiares - afinal, ela vive e pertence àquela família - mas é necessário ponderar o conflito para o contexto e nível de compreensão da criança.
- Permita que a criança expresse seus sentimentos. A expressão verbal nem sempre é a melhor forma de comunicação. A brincadeira, o desenho, o jogo e outras formas de expressão são mais apropriadas para a comunicação da criança. Brincar, em qualquer estágio de desenvolvimento, sozinha ou com adultos e amigos, ajuda a criança a desenvolver-se emocional, intelectual e socialmente.
- Dedique tempo para sua criança. Há uma discussão sobre "tempo qualitativo", que é, ao meu ver, uma meia-verdade. Todo o tempo com a criança tem que ser de qualidade, mas é necessária uma "quantidade" de tempo também.
- Crianças precisam de seu próprio tempo, entretanto. Tempo para si, para brincar só, tempo para fazer suas próprias coisas, a seu modo e desejo. Permita que a criança explore seu próprio tempo, a seu modo. Agendas superlotadas e rotinas muito rigorosas são uma ameaça ao desenvolvimento saudável da criança.
- Todavia, crianças também precisam de rotina e continuidade. O estabelecimento de hábitos e rotinas, com seus horários e rituais, facilita o senso de segurança, pertenência e a percepção de controle da criança sobre seu ambiente. Complementando o item anterior, esta rotina pode ser flexibilizada, o que é bom também para o desenvolvimento da noção de plasticidade da vida.
- Regras e normas de conduta são necessárias. Minha noção de limite não representa um obstáculo - às vezes é - mas principalmente um caminho. Regras razoáveis para a idade e para as características particulares da criança facilitam seu desenvolvimento.
- Crianças, especialmente as mais velhas, precisam de uma "comunidade de desenvolvimento". Permita que, na medida do possível, a criança possa conviver com seus parentes (tios, primos, avós), ou amigos (e seus filhos).
- Tome cuidado de você. Cuide-se. Crianças precisam perceber que os adultos que cuidam delas se alimentam bem, preocupam-se com sua qualidade de vida, tem uma adequada imagem de si mesmos, sabem de seus potenciais - e os utilizam, reconhecem suas limitações - e as expressam, quando necessário. Crianças com cuidadores atentos para si próprios (o que não quer dizer narcisistas e egocêntricos), também desenvolvem auto-estima e auto-apreço.
sábado, 29 de novembro de 2008
Crianças descasadas
quarta-feira, 12 de novembro de 2008
Receita de Saúde
Fiquei pensando: por que que a gente perde essa naturalidade? Essa esperteza? Essa simplicidade? Gabriela me abriu os olhos.
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
Credo
Penso (ou sinto) muito como o Poeta Mário Quintana, que me encanta com sua poesia; esta é atribuída a ele:
Sentir primeiro, pensar depois
Perdoar primeiro, julgar depois
Amar primeiro, educar depois
Esquecer primeiro, aprender depois
Libertar primeiro, ensinar depois
Alimentar primeiro, cantar depois
Possuir primeiro, contemplar depois
Agir primeiro, julgar depois
Navegar primeiro, aportar depois
Viver primeiro, morrer depois
terça-feira, 9 de setembro de 2008
A criança doente, parte I
De fato, talvez 70 a 80% dos diagnósticos em Pediatria são feitos baseados na história trazida pelos pais. Fortunadamente, a grande maioria dos pais - particularmente a mãe - é um bom termômetro do bem-estar de seus filhos - se o profissional for capaz de ouvi-los.
Entretanto, existem sinais que orientam a decisão quanto à gravidade do adoecimento de uma criança, e precisam ser considerados, por pais e pediatras:
- Choro agudo, constante (sugere dor);
- Alternância entre sonolência, sedação e irritabilidade;
- Convulsão;
- Recusa a se alimentar ("recusa" quer dizer, não aceitar absolutamente nada), por três ou mais ofertas;
- Vômitos repetidos;
- Dificuldade de respirar e frequência respiratória muito elevada (principalmente quando o nariz não está obstruído).
quarta-feira, 13 de agosto de 2008
Relações entre pais e profissionais
Na semana que passou tive a oportunidade de vivenciar uma experiência rara e preciosa para a vida de um profissional: uma devolutiva de um casal acerca de minha conduta profissional. Eu acompanhava este casal e seus filhos há muitos anos, tínhamos uma boa relação, e nos últimos 12 meses esta família estava sendo atendida por outro pediatra.
O dia-a-dia de um pediatra é tão atarantado que um desgarramento desta natureza nem sempre é percebido de forma clara. O convívio deixa de existir, mas é muito difícil para quem atende mais de uma centena de crianças por semana reconhecer que uma em especial deixa de retornar, e não raro a "descoberta" ocorre por acaso, quando outro paciente comenta a situação, quando se encontra o paciente fora do consultório, ou simplesmente quando se apercebe que aquela família deixa de manter contato.
Pois bem: este casal deixou de manter contato por um ano, mas retornou na semana passada. E a conversa que abriu a consulta foi repleta de significado: as dificuldades na sala de espera às vezes congestionada, problemas com horários, desacordos com condutas... Entretanto, os pais relataram que não conseguiram construir um vínculo com outros profissionais - e foram muitos, segundo eles - tão significante quanto aquele que tínhamos, o que os impeliu a retornar à minha clínica.
Apesar de comentar que estava - e estou - muito feliz com o regresso, o que mais me impactou foi a sinceridade e cordialidade do casal em me apontar necessidades de desenvolvimento da clínica e de minha prática, sob seus pontos de vista. A cristalina preocupação com a melhoria do desempenho do profissional, o interesse na mudança e a genuína expressão da crítica construtiva me encantaram e tiveram grande repercussão na forma como encaro o consultório e meus clientes.
Que bom seria se as relações entre os pais e os profissionais de saúde fossem regidas por tais princípios!
quarta-feira, 6 de agosto de 2008
"Fantasmas da criação"
Outro dia conversava com um casal que tinha acabado de ganhar um bebê - literalmente, pois tinham sido presenteados com um menino gracioso de 5 dias de vida e aceitaram adotá-lo. O casal não tinha filhos, já era um casal há muitos anos, e agora tinham um bebê. O que me interessa agora é comentar que o pai me falava que tinha muitas expectativas e dúvidas quanto à criação de seu filho. Sua experiência pessoal, como filho de seus pais fora muito marcante, segundo ele. Seu pai, para que se tenha uma idéia, mantinha sempre pendurado à parede de casa um conjunto de chicote e esporas de vaqueiro, como símbolo de sua autoridade, e, me conta esse pai, chegou a usá-los muitas vezes. Coube a esse meu cliente herdar a véstia, dentre uma família de muitos filhos homens.
Esse meu cliente me comentava sobre como o comportamento de seu saudoso pai influenciava suas decisões acerca dos cuidados desse novo rebento que estava em suas mãos. E que como seria diferente. Longe de ostentar chicote e esporas, pretendia se constituir em um amigo de seu filho, e procuraria trabalhar a autoridade de outra forma.
É interessante como essas coisas ocorrem. Pais dedicados, afetuosos, apaixonados, se envolvem com seu filho e procuram criar um ambiente que seja sensivelmente sustentador do temperamento e da individualidade da criança. À medida em que fazem isto, suas experiências pessoais passam a influenciar suas ações, naturalmente. Selma Fraiberg usa o termo fantasmas da criação para se referir a experiências importantes do passado que dominam - conscientemente ou não - o comportamento dos pais, determinando seus preconceitos e suas ações.
Quando traz à tona sua própria experiência pessoal com seu pai, esse novo pai encara seus fantasmas, e se torna apto a refletir sobre eles, e se apropriar de seu próprio modo de agir diante dos cuidados de seu filho. Mesmo que reproduza - e isto é por vezes inevitável - ações de seus antepassados - esse pai constrói sua muito própria relação com seu menino. Longe de julgar se o avô agiu certo ou errado, pois trata-se de um outro tempo, uma outra ética, uma outra cultura, outros valores, outra educação, coube a mim celebrar a chegada desse novo sujeito, e desse pai em construção.
domingo, 3 de agosto de 2008
O Brincar e o Desenvolvimento Infantil
Muita gente boa está envolvida, incluindo Bruno Guimarães e Patrícia Gadelha (fonoaudiólogos), Karla Oliveira (Pedagoga), Ana Karina Fragoso e André Pontes (Terapeutas Ocupacionais) e Cláudia Jardim (Psicomotricista).
Eu também participo, com minha amiga Fabiana Miranda, psicóloga do INCERE, no primeiro módulo, dias 29 e 30 de agosto próximos. O foco desse primeiro módulo é uma abordagem conceitual introdutória sobre o brincar e o seu lugar no desenvolvimento da criança.
Maiores informações: incere@gmail.com, ou (85) 3247.1620.
A primeira.
Este diário/blog pretende refletir sobre cuidados de crianças e adolescentes, com uma forte inclinação a discutir sobre o desenvolvimento infantil. É um espaço de reflexão da prática, portanto não se propõe a ser muito técnico, mas muito mais subjetivo. Há um explícito corte pessoal, baseado em minhas vivências no atendimento cotidiano de crianças, adolescentes e suas famílias e cuidadores.
Agradeço muitíssimo os comentários, se vierem. Se não vierem, agradeço a visita silente.
Henrique